Tropicália – Crítica

Blogindica – Por Sergio Batisteli

Divulgação

Uma viagem no tempo tropicalista

Nos anos 1960, Gilberto Gil e Caetano Veloso foram obrigados a deixar o país por causa da ditadura militar imposta no Brasil. Em 4 de agosto de 1969, eles cantavam no programa da televisão portuguesa e Caetano recebeu a pergunta: O que é o tropicalismo?

(Tropicália – Brasil, 2012, 82 min.) apresenta ao espectador um documentário emocionante sobre um dos mais marcantes e considerado por muitos estudiosos, o mais importante movimento da contracultura no Brasil. O segundo longa-metragem do diretor Marcelo Machado, de “Ginga – A Alma do Futebol Brasileiro” (2005), possui um ritmo fílmico direcionado pela trilha sonora tropicalista.

Além da ótima fotografia, também foram criadas animações. O diretor de arte, Ricardo Fernandes, inseriu dinâmicas pinceladas coloridas em tons fortes na tela, contrastando visualmente com as imagens em preto e branco. Através deste trabalho de arte no filme, forma-se uma ligação diretamente influenciada pela estética do tropicalismo. Com esta positiva influência, assistimos os depoimentos de importantes personagens dos anos 60, como Nara leão, Roberto Carlos, Zé Celso Martinez, Chacrinha, entre outros.

Marcelo Machado dialoga sabiamente “Tropicália”, com trechos de filmes fundamentais e considerados tropicalistas do Cinema Nacional: “Terra em Transe” (1967), “Câncer” (1972) de Glauber Rocha, “A Opinião Pública” (1967) de Arnaldo Jabor, “Os Herdeiros” (1970) de Cacá Diegues, “O Demiurgo” (1970) de Jorge Mautner, “O Desafio” (1965) de Paulo Cesar Sarraceni, “Nosferatu do Brasil” (1970) de Ivan Cardoso, “Hitler III Mundo” (1968) de José Agripino de Paula, “Bethânia Bem de Perto – A Propósito de um Show” (1966) de Eduardo Escorel e Júlio Bressane, ”O Bandido da Luz Vermelha” (1968) de Rogério Sganzerla, “Meteorango Kid – O Herói Intergalático” (1969) de André Luiz Oliveira, “Os Mutantes” (1970) de Antonio Carlos Fontoura etc. Inclusive, muitas destas obras estão disponíveis em DVD.

O documentário musical escolhe o caminho da emoção. Não é didático no ponto de vista acadêmico, mas traz explicações “no calor da hora”. “Tropicália” leva o espectador em uma viagem no tempo. As inéditas imagens de arquivos e as entrevistas na época do movimento da contracultura, contam a história e não deixam ela ser esquecida. Seus mentores estão representados em nomes como, Os Mutantes, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Tom Zé, Gal Costa, Hélio Oiticica, Rogério Duarte e Torquato Neto.

Crítica publicada no site Jornal Livre:
http://www.jornallivre.com.br/366251/critica-do-filme-tropicalia.html
Crítica publicada no site Confraria de Cinema

+ Trailer do filme +

2 comentários sobre “Tropicália – Crítica

  1. Marcelão que saiu da Matrix setembro 23, 2012 / 1:41 pm

    Caramba Sérjão, era tudo que eu precisava! Estou no meio de um estudo justamente do Tropicalismo!!! Tenho um grupo de estudos que comentei com você, a elite do colégio, que tem aulas comigo, fora as aulas de seu turno normal, e estão estudando esse movimento cultural, sua proposta musical e a retomada da ideia antropofágica da semana de 22. Se este documentário estiver em cartaz vou levar os meus alunos pra assistir, valeu mano véio…

Deixe um comentário