A Pele que Habito – Crítica

Blogindica – Por Sergio Batisteli

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O terror por Almodóvar

Uma mulher vestida de collant cor da pele tem o corpo todo coberto. Dentro de uma grande casa monitorada por câmeras, Vera (Elena Anaya) é mantida presa neste lugar. Na verdade a mansão El Cigarral, localizada na cidade de Toledo, Espanha esconde o laboratório do Dr. Robert Ledgard (Antonio Banderas).

A Pele que Habito (La Piel que Habito – Espanha, 2011, 133 min.) traz pela sexta vez e depois de 21 anos o trabalho do diretor Pedro Almodóvar junto com o ator Antonio Banderas. “Labirinto de Paixões” (1982), “Matador” (1986), “A Lei do Desejo” (1987), “Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos” (1988) e “Ata-me!” (1990).

Dr. Robert é o cirurgião plástico responsável pelo aprisionamento de Vera, a cobaia humana usada para experimentos científicos, nas mãos do cirurgião. Ele desenvolve uma pele extremamente resistente no corpo vivo de sua experimentação. Na era dos reality shows, onde as pessoas vivem o deleite do voyeurismo, eles mantêm um relacionamento através do enorme monitor visto pelo quarto do cientista e a sua Vera sabe que é observada. Ela procura Robert para ter uma relação carnal, mostra-se apaixonada, mas ele resiste.

Em “A Pele que Habito”, o diretor segue com a criação de situações inusitadas, uma das suas características cinematográficas. Como a visita de um rapaz disfarçado vestido de tigre, na época de carnaval da Espanha. Zeca (Roberto Álamo) comete um crime e vai esconder-se na mansão e uma tragédia acontece no local.

A trama do longa-metragem foi adaptada do livro “Tarântula” (2011), do francês Thierry Jonquet. Almodóvar consegue transpor interpretações magistrais de Elena Anaya e Antonio Banderas. O diretor traz ainda, posições de câmeras detalhistas e um roteiro imprevisível baseado em três gêneros. O melodrama, a ficção científica e terror psicológico.

“A Pele que Habito” deixa uma forte mensagem: Cuidado com o que você faz, as consequências podem ser irreversíveis! Os motivos desta mensagem não vou descrever aqui, para não tirar a principal surpresa do filme.

Crítica publicada no site Jornal Livre:
http://www.jornallivre.com.br/365808/critica-do-filme-a-pele-que-habito.html
Crítica publicada no site Confraria de Cinema
Crítica publicada na Revista Pâncreas

+ Trailer do filme +

Lula, O Filho Do Brasil – Crítica

Por Sergio Batisteli – direto da redação

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Lula, o filho que merecia muito mais

Em uma triste despedida um pai deixa a mulher grávida e seis filhos pequenos em Caetés, estado de Pernambuco. Aristides (Milhem Cortaz), para esconder a vergonha de engravidar outra mulher fora do casamento, Mocinha (Rayana Carvalho), partem para São Paulo.

Nasce o sétimo filho de Dona Lindu (Glória Pires). Luiz Inácio da Silva. Através de uma carta escrita de forma alterada pelo irmão Jaime (Maicon Gouveia), Luiz Inácio e toda sua família vão parar na cidade de Santos.

A simplicidade impera na abertura do filme desde os caracteres iniciais, trilha sonora e enquadramento com planos fechados de câmera. O que revela a intenção de focar somente o mundo de seus personagens.

(Lula, O Filho Do Brasil – Brasil, 2009, 128 min.) é uma cinebiografia baseada no livro A História De Lula, O Filho Do Brasil (2009) da escritora e jornalista, Denise Paraná. O oitavo longa-metragem do diretor Fábio Barreto, não chega nem perto da profundidade de detalhes e da linguagem clara do livro de Denise.

A montagem de Letícia Giffoni Fabricando Tom Zé (2005), Caixa Dois (2007), Última Parada 174 (2008), entre outros. Algumas vezes se perde, por não haver harmonia entre uma sequência com outra no filme.

Na fase adolescente-adulta, nos é apresentado sempre um Lula como um ótimo moço, politicamente correto, disposto a ajudar o próximo e sem defeito algum. Há exageros em santificar sua imagem. Nem os fatos de domínio público são contados no filme. Como a filha Lurian que tardiamente foi reconhecida por Lula, e da mãe dela, Miriam Cordeiro, caso que veio à tona como um escândalo na campanha presidencial de 1989, em que o petista perdeu a eleição para Fernando Collor de Mello.

Lula, O Filho Do Brasil é um melodrama perdido e superado no tempo. Daqueles que enjoam até o espectador mais paciente. Não existe a preocupação de empregar uma linguagem estética narrativa, que cative a plateia em acreditar que o Lula da telona, seja real e não o idealizado. Não são criados climas, ou seja, algo que surpreenda cinematograficamente. Muito pelo contrário, à fórmula utilizada por Fábio Barreto é muito próxima das telenovelas. O longa-metragem tem o uso excessivo da trilha sonora dramática e um ritmo extremamente linear.

Um ponto positivo do filme é o elenco que se esforça e tem seu brilho, porém a linguagem de telefilme se encarrega de apagar.

Coletiva do filme Lula, o Filho do Brasil

Foto: Sergio Batisteli
Da esquerda para a direita: Milhem Cortaz, Rui Ricardo Diaz, Glória Pires, Fábio Barreto, Guilherme Tortolio e Juliana Baroni

Estive presente no hotel Renaissance, em São Paulo, para acompanhar a coletiva, com a participação dos atores e equipe técnica, do filme “Lula, O Filho Do Brasil”. Com o orçamento de R$ 12 milhões, esse é o filme mais caro feito no Brasil. Também é a maior distribuição de um longa-metragem nacional, estimada em 500 salas de exibição.

O que mudou ao conhecerem a história de vida do Lula?
Glória Pires (atriz): Não tinha uma expectativa especial, o que mudou foi conhecer trechos da vida do Lula que não conhecia.
Rui Ricardo Diaz (ator): Eu não conhecia a vida desse brasileiro, passei a ler livros e ver documentários feitos sobre ele.

Vocês tiveram algum receio em fazer um filme sobre a história do presidente da República?
Glória Pires (atriz): Não tive medo pelo fato do Fábio querer fazer um filme com a história do Lula. Adorei fazer o personagem e o que ele me ofereceu.
Milhem Cortaz (ator): O que me cativa como artista é a forma de como as histórias são contadas e um roteiro lindo. Tudo que fiz, foi esquecer que era a história de um presidente e fazer o longa-metragem.
Rui Ricardo Diaz (ator): Esse é meu primeiro longa. Depois que li o roteiro, vi que era uma história que deveria ser contada. Isso foi o que mais me encantou quando o Fábio me mostrou o roteiro.
Juliana Baroni (atriz): Recebi por e-mail o roteiro de teste era para eu fazer o filme. Envolvi-me profundamente com o texto. Meu personagem, Mariza, é uma leoa!
Fábio Barreto (diretor): Tive que acabar com o medo e a insegurança. O que me inspirou foi um discurso do Lula, que dizia “Acredite em você e assim vai ter o que quiser na sua vida”. Um dos pontos altos do filme é o elenco, a credibilidade que ele passa e a qualidade dos atores. É um grande prêmio e valoriza o filme.

Qual é o seu melhor filme?
Fábio Barreto (diretor): Não comparo muito os filmes que faço. Essa é a minha obra mais madura, uma trama muito difícil de fazer. Eu o coloco entre meus três melhores trabalhos, ao lado de Índia, a Filha do Sol “1982”, minha estreia e meu xodó, e O Quatrilho “1995”, por ter me trazido tantas alegrias.

Como foi o processo de construção do personagem Lula?
Rui Ricardo Diaz (ator): Tenho a impressão que construí pelo olhar. O Lula tem um olhar muito forte e brilhante. Assisti há alguns documentários que ele discursava e utilizei esses materiais. Essas coisas juntas foram me dando suporte para fazer o Lula. Nunca me pediram para falar como ele ou imitar a voz.

Você não tem medo de ficar estigmatizado por ser o Lula?
Rui Ricardo Diaz (ator): Eu não tinha um papel fechado para o filme, depois o meu agente contou que eu iria ser o Lula. Sou ator antes de qualquer coisa, não tenho medo e tenho que estar preparado para fazer personagens. Encaro dessa forma, essa segurança foi dada pelo diretor e produtor.

Como foi a preparação dos atores?
Fábio Barreto (diretor): Sergio Penna preparou o elenco. Ele é uma pessoa competente, de um astral super positivo, nota mil para ele!

Você prefere usar a estética ou a verossimilhança como linguagem cinematográfica?
Fábio Barreto (diretor): Entre a verossimilhança e a estética fico com os dois. O filme se passa por quatro décadas de 45 a 80. Fizemos um filme de ficção sobre uma história que beira o documentário. A opção estética se adéqua com material de arquivo junto com o material que filmamos.

Como é ser considerada a atriz e musa da retomada?
Glória Pires (atriz): Penso que é muito bom ter amigos que me chamam para filmar.
Fábio Barreto (diretor): Musa a Glória sempre foi. Ela me inspira muito, me faz uma pessoa melhor e essa parceria vai continuar. Tem muita coisa que ainda queremos fazer. Nós dois vamos longe, exemplo disso é o filme O Quatrilho.

Como foi trabalhar com a filha Cléo Pires?
Glória Pires (atriz): Nossa convivência no set de filmagem foi pequena. Os nossos papéis não tinham muitas oportunidades para aturem juntas.

Onde foi rodado o filme e qual foi o período de filmagem?
Fábio Barreto (diretor): O filme foi rodado em Pernambuco e em São Paulo, além de sete cidades e setenta locações. As filmagens começaram no dia 20 de janeiro e terminaram no dia 18 de março de 2009.

Qual foi a maior dificuldade nas filmagens?
Fábio Barreto (diretor): Não teve um momento especifico que fosse mais difícil. Filmamos num local em São Paulo, onde cai muito raio e que nenhum cineasta paulista filma. Difícil foi o imponderável, como o mau tempo e o trânsito congestionado. Difícil também foi reunir os elementos artísticos que compusessem a linearidade artística no filme.

Não é muita coincidência que o filme seja lançado no ano de eleição. Esse lançamento não pode ser usado politicamente?
Fábio Barreto (diretor): Não tive nenhuma intenção de ter um caráter político. Trata-se de um filme entretenimento, o intuito é ajudar a nossa indústria do cinema. Não vejo como poderia ajudar numa eleição.

Como foi a pré-estreia com a presença de Lula e família na plateia?
Glória Pires (atriz): Depois da sessão o presidente estava muito feliz e emocionado. Também estavam presentes outras pessoas da família. Foi uma noite emocionante e especial.
Rui Ricardo Diaz (ator): Sem dúvida foi uma noite especial, pois estavam presentes várias pessoas importantes. Não cheguei a conversar com ele, mas foi muito tocante.

O longa-metragem foi bancado com a lei de audiovisual do governo federal?
Paula Barreto (produtora): O filme não foi beneficiado por nenhuma lei de incentivo. O orçamento foi de R$ 12 milhões. Os custos foram bancados por 50% de empresas setor cinematográfico e a outra metade contou com o apoio de 80% dos parceiros da produtora.

Crítica publicada no site Almanaque Virtual:
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Crítica publicada no iG
Coletiva publicada no site Almanaque Virtual:
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