Um Dia de Chuva em Nova Iorque (2019, de Woody Allen) – Crítica

Blogindica – Por Sergio Batisteli

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Um Dia de Romance, Surpresas e Nostalgia

Embalados pela antiga canção “Got Lucky in the Rain” cantada pelo saudoso Bing Crosby, somos apresentados a um jovem casal de estudantes, Gatsby Welles “Timothée Chalamet” e Ashleigh Enright “Elle Fanning”, que planejam um fim de semana romântico na cidade de Nova Iorque.

Um Dia de Chuva em Nova Iorque (A Rainy Day in New York, EUA – 2019) é mais uma obra do renomado diretor Woody Allen, conhecido por seus filmes que retratam de forma única e sarcástica a vida e relacionamentos contemporâneos. Nesse longa, acompanhamos a história do jovem casal que são pegos de surpresa pela chuva na cidade que nunca dorme. A trama aborda temas como amor, amizade e ambição, enquanto os personagens se envolvem em situações inesperadas e encontros surpreendentes ao longo do dia.

A narrativa do filme se desenrola de forma leve e descontraída, repleta de diálogos inteligentes e humor sutil característicos do estilo de Woody Allen. O diretor se destaca na construção dos personagens, dando-lhes carisma e audácia típica da juventude de vinte e poucos anos, o que torna fácil para o espectador se identificar com suas lutas e dilemas. Os atores Timothée e Elle entregam performances cativantes, trazendo à vida Gatsby e Ashleigh de forma natural. Além dos protagonistas, o elenco de apoio também se destaca, com boas atuações de nomes famosos como Jude Law, Selena Gomez e Diego Luna.

No filme Nova Iorque é retratada como uma cidade vibrante e cheia de possibilidades, mas também pode ser um lugar solitário e excludente. Quando Gatsby circula pelas ruas chuvosas, se depara com uma série de personagens excêntricos que o fazem questionar suas próprias crenças e valores.

Assim como em “Café Society” (2016), “Um Dia de Chuva em Nova Iorque” é uma homenagem à saudosa era de ouro de Hollywood, como por exemplo, na fotografia de Vittorio Storaro, que já trabalhou em outras obras de Allen, aqui ele consegue captar a mesma forma poética ao criar uma atmosfera nostálgica de Nova Iorque. O cineasta utiliza cores em tons pastel e amarelados para transmitir o glamour da estética vintage. O longa-metragem se passa em locações icônicas da cidade como, o Metropolitan Museum of Art e o Central Park, e também nos apresenta várias referências a filmes e artistas de época.

A trilha sonora em Jazz ajuda a criar o clima romântico e melancólico do filme, pois traz uma dimensão emocional ainda maior para as situações vividas pelos atores. As músicas escolhidas estão em perfeita sintonia com a história e ajudam a construir a identidade do longa-metragem. Porém, a obra pode não agradar a todos os espectadores, principalmente aqueles que não apreciam o estilo característico de Woody Allen. Além disso, o roteiro pode parecer um tanto previsível em alguns momentos, o que pode tirar parte do encanto do filme.

Eu escolhi não falar sobre a vida pessoal de Woody Allen para escrever esse texto. Me reservei a opção de abordar exclusivamente a obra cinematográfica do diretor e mais especificamente do filme Um Dia de Chuva em Nova Iorque.

O longa-metragem está disponível nas plataformas de streaming.

Crítica publicada na Revista Ambrosia

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Crítica publicada no portal Medium

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Um Dia de Chuva em Nova Iorque
Disponível em Streaming

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O Regresso (2015, de Alejandro Iñárritu) – Crítica

Blogindica – Por Sergio Batisteli

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Uma odisseia visceral e imersiva

A seguinte mensagem de um pai para o filho ecoa na mente do espectador: “Está bem, filho. Sei que você quer que isso acabe. Eu estou aqui mesmo. Estarei aqui mesmo… mas não desista. Está me ouvindo? Até o último alento, lute. Respire… continue respirando”. Essas palavras resumem a essência da obra que veremos na tela, sobre um filme visceral que conta a trajetória de Hugh Glass (Leonardo DiCaprio), um caçador em busca de vingança contra John Fitzgerald (Tom Hardy), o homem que o traiu e o deixou para morrer nas terras ainda selvagens da América do Norte do século 18.

O Regresso (The Revenant, EUA – 2015) o longa-metragem mostra a relação entre colonizadores brancos e nativos americanos retratada sem pudores. Quando os indígenas oferecem peles de animais roubadas para os franceses em troca de armas e cavalos, a hipocrisia dos colonizadores é exposta de forma crua. O colonizador diz: “Todas essas peles são roubadas”. A resposta do indígena, “Não. Vocês roubaram tudo de nós. Tudo! A terra. Os animais. Levarei seus cavalos para encontrar minha filha, porque dois homens brancos entraram na minha aldeia e a levaram embora”, reverbera como um grito de guerra contra a opressão e a injustiça.

O Regresso do diretor mexicano Alejandro González Iñárritu, como alguns de seus outros filmes “21 Gramas” (2003), “Babel” (2006) e “Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)” (2014) é uma experiência cinematográfica sensorial, pois Iñárritu apresenta ao espectador a percepção do mundo por meio dos sentidos. Ele faz isso através da câmera, como um personagem invisível explora ângulos inusitados, colocando o observador dentro da ação. Há poucos enquadramentos simples, retos ou verticais. Em O Regresso temos a sensação de estar imerso em uma floresta, nos lugares isolados e selvagens onde se desenrola a história.

A incrível fotografia de Emmanuel Lubezki, compatriota de Iñárritu é parte fundamental dessa imersão. Lubezki captura a beleza das paisagens com a predominância do branco acinzentado, que reflete a densidade da obra.

O roteiro do filme é uma adaptação do livro homônimo escrito por Michael Punke, que por sua vez foi inspirado pela história real de Hugh Glass, um explorador e comerciante de peles. Ele foi marcado pela perda e pela fúria. Interpretado por Leonardo DiCaprio que nos convida a mergulhar para dentro da mente de Glass e em sua alma atormentada, revelando cada nuance de sua dor, determinação e resiliência. Embora o roteiro flerte com clichês, como histórias de honra, traição, superação e perda, a interpretação impecável de DiCaprio eleva o filme a outro patamar. A forma da sua atuação precisa, minimalista, porém expressiva, é o fio condutor de O Regresso, levando o espectador pela odisseia do herói.

Hugh Glass sofre um ataque de um urso na floresta é uma cena brutal e memorável. A brutalidade do ataque é capturada com realismo impressionante, enquanto a imensa dificuldade para transportar um homem intensamente ferido em meio à neve e ao frio extremo se torna uma prova de força e resistência do ser humano diante do impossível, testemunhamos a crueldade e a beleza forte da natureza.

O Regresso pode ser uma vivência fílmica intensa e inesquecível. Nos leva a questionar os valores da nossa sociedade. O longa-metragem é um lembrete da força do espírito humano e do poder da natureza.

O filme é uma super produção que rendeu 12 indicações ao Oscar 2016 e venceu em três categorias: Melhor Diretor (Alejandro G. Iñárritu), Melhor Ator (Leonardo DiCaprio) e Melhor Fotografia (Emmanuel Lubezki).

O longa-metragem está disponível nas plataformas de streaming.

Crítica publicada na Revista Ambrosia

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Crítica publicada no portal Medium

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O Regresso
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CineMagia: A História das Videolocadoras de São Paulo (2017) – Crítica

Blogindica – Por Sergio Batisteli

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Uma homenagem à memória das videolocadoras paulistanas

Em um tempo dominado pelo streaming e pelas plataformas digitais, o documentário surge como um portal nostálgico sobre a era de ouro das videolocadoras de São Paulo. O longa-metragem contextualiza a importância das locadoras como espaços de encontros e de descobertas. Era lá que cinéfilos de todas as idades se reuniam para trocar ideias, compartilhar experiências e encontrar filmes.

(CineMagia: A História das Videolocadoras de São Paulo – Brasil 2017) apresenta depoimentos de atendentes, proprietários e fundadores de uma série de videolocadoras, incluindo: Renata Vídeo, Virtual Vídeo, Space Locadora, Vídeo Norte, Premiere Vídeo, Hobby Vídeo, Clement’s Vídeo, MM Vídeo, Star Videolocadora, 2001 Vídeo, entre outras. As entrevistas narram a interação desses estabelecimentos com os seus clientes.

Na tela somos levados para um universo onde a paixão pelo cinema era contagiante, quando a busca por um VHS ou DVD específico tornava-se uma aventura e geralmente não seria encontrado nas grandes redes de lojas, e como a conversa com o lojista foi parte essencial da descoberta fílmica.

A direção e o roteiro são de Alan Oliveira, o filme estabelece um panorama abrangente e emocionante da história desse nicho cultural que marcou a vida de tantas pessoas. Com uma linguagem atual e um ritmo que prende a atenção de quem viveu a época, mas sem se esquecer das novas gerações.

A fotografia de João Prehto captura a atmosfera nostálgica das antigas locadoras, como por exemplo, quando mostra as prateleiras abarrotadas de fitas VHS e pôsteres de filmes nas paredes.

O filme também destaca o impacto da pirataria e da ascensão do streaming no declínio das locadoras de vídeo. É um olhar realista e melancólico para o fim de uma era, mas que também reconhece a necessidade de adaptação e mudança.

Além disso, Cinemagia é um importante registro audiovisual e uma homenagem sobre a importância da memória e da preservação da cultura. As videolocadoras foram espaços que moldaram a forma como consumimos cinema e que guardam histórias e lembranças preciosas. Através do documentário, podemos revisitar esse passado e garantir que ele não seja esquecido.

Trata-se de uma obra indispensável para os amantes do cinema, mas, sobretudo para aqueles que viveram a era das locadoras de vídeo em São Paulo.

O documentário está disponível nas plataformas de streaming.

Crítica publicada na Revista Ambrosia

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Crítica publicada no portal Medium

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CineMagia: A História das Videolocadoras de São Paulo
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